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Cuspir no prato sem sujar a sopa...

  • Dario de Melo
  • 7 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

Querem-nos fazer acreditar que o M.P.L.A. que nós julgávamos um só, são afinal dois: o dos corruptos e o daqueles que, comendo à mesa dos mesmos benefícios, conseguiram sobreviver, imaculados, honestos e impolutos.

Em 92, assistimos aos que se reclamavam democratas confessos. Eles que tendo sido, mais do que ideólogos, os “anti-motim” da ideologia, pretendiam fazer-nos acreditar que tinham sido obrigados a ser. como nós sempre os conheciamos.

E quem os terá obrigado, senão o oportunismo dos que, ao SIM servil que sempre disseram, não opuseram nunca um NÃO categórico e honesto, que a verdadeira oposição, sempre soube dizer, em tempos menos próprios e difíceis ?

Ser da oposição é um pouco mais do que falar mal, denunciando um poder que já não existe. É ter a coragem de se apresentar a público sem os benefícios conseguidos antes, para poder criticar sem mácula no dia de depois.

Gostaria de ver e ouvir dizer, o que nunca vi que ouvisse e me tenham dito:

“Honestamente faço entrega dos benefícios conseguidos com os favores impróprios do M.P.L.A. ;

Honestamente vou mandar vir do estrangeiro os meus parentes, porque estão a estudar com as bolsas de favorecimento;

Honestamente peço perdão por estar a cuspir no prato à custa dos que, não tiveram alternativa, senão roer os ossos.

Acusar é ter coragem moral para quando se critica um partido porque é mau, se não fiquem com os benefícios porque são bons.

É ter as mãos limpas e lavadas, sem atribuir culpas à falta de água. É deixar quanto se ganhou, em tempo da obediência e servilidade.

Escrito em 1992, Luanda (não publicado)

Revisto 2019, Benguela

(Publicado no "Novo Jornal" 25.10.19)


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