Entregar o Partido ao privado
- Dario de Melo

- 24 de jan. de 2022
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Tenho um amigo, dos poucos que ainda resistem a esta vida de distanciamento e reclusão que tem por hábito ditar sentenças.
No outro dia atreveu-se a vir a minha casa, porque tinha de desabafar.
Vinha ele, do seu partido onde parece que alguma coisa andaria mal. Alguém (jovem ainda) lhe dissera, ou fizera qualquer ofensa do tipo “Vá gozar a sua reforma e deixe que sejamos nós a decidir. O seu tempo acabou”.
E virando-se para quem o ouvia (jovens também) concluiu “Esquecem-se de morrer, mas não se esquecem de dar conselhos.
Sabe o que te digo, alguma coisa vai mal no meu Partido: “se mandasse, fazia um leilão e vendia-o ao privado. Só um privado o pode revigorar”.
Nunca perguntei a este meu amigo qual seria o Partido dele por já saber a resposta dele: “Em Democracia nunca se pergunta qual é o seu Partido. O Partido, como qualquer amante, pertence ao foro íntimo de cada um, enquanto a legítima (a Pátria) ao foro privado”.
Ama-se uma, e respeita-se a outra. Uma pode levar-nos ao poder, enquanto vivos, a outra estará presente no nosso óbito depois de mortos.




Excelente! Infelizmente um retrato que nos aflige pela sua oportunidade.